Existem muitos desafios ao longo da vida que nos desestabilizam e nos tiram da zona de conforto até à pessoa mais organizada. A sabedoria popular diz que “ o Tempo cura tudo”, no entanto não é bem assim. Com o passar do tempo, os desafios perdem a validade no nosso dia-a-dia, mas internamente ganham voz na forma de ansiedade, distúrbios do sono e alimentares. A necessidade de procurar ajuda para ultrapassar um divórcio, um luto, uma mudança de emprego, o nascimento de um filho e a adaptação a uma nova realidade como a pandemia, faz-nos questionar que nem sempre são as pessoas com doenças mentais que necessitam de ajuda psicológica. Infelizmente, para a maioria das pessoas uma ida ao médico de família, pode desembocar na toma de medicação para dormir ou para amenizar a ansiedade, sem advertência que a toma de medicação pode melhorar a qualidade de vida mas quase sempre não resolve o problema.

Na hora de consultar ajuda psicológica muitos deparam-se com más experiências na Psicoterapia, e injustamente culpam o profissional que está a aplicar a sua sabedoria e conhecimentos técnicos. Não existem terapias certas ou erradas, mas tal como uma relação nas nossas vidas, a relação terapêutica pode ser compatível ou não com o momento que estamos a atravessar e até com a nossa personalidade. Atualmente, a psicoterapia está bastante diversificada em diferentes abordagens mais ou menos rápidas e com objetivos diferentes. Um importante exercício é antes de consultar um psicoterapeuta, que a pessoa tenha bem claro os objetivos que quer alcançar nesse projeto pessoal de procurar ajuda profissional. 

Para orientar e servir de ajuda a quem quer viajar pelos meandros da Psicoterapia, importa falar nas três forças da psicologia que acompanharam a visão cultural e a época em que se desenvolveram. Neste sentido, compreender estas três grandes forças, vai conferir algum pragmatismo quando escolhemos um profissional desta área. A primeira grande força da psicologia, é o behaviorismo ou comportamentalismo, que nasce na crítica ao modelo psicanalista, pois para os comportamentalistas, ao mergulhar no mundo do inconsciente e esmiuçar o passado, afasta o processo do que realmente interessa, que é o comportamento. Deste modo, quando queremos tratar um problema de forma mais objetiva, e temos uma personalidade mais focada nos modelos de psicoterapia comportamentalistas, podem ser os mais compatíveis. A segunda grande força da Psicologia é a Psicanálise, onde Sigmund Freud dá destaque à importância da vida psíquica inconsciente. A psicanálise, por investigar o mundo interno exaustivamente é uma grande ferramenta de auto conhecimento e profundamente transformadora, talvez a mais transformadora de todas, no entanto deve saber-se que fazer psicanálise é diferente de fazer psicoterapia psicanalítica. A primeira exige três sessões semanais no mínimo, onde o setting constitui o palco da técnica. A imagem clássica da pessoa deitada no divã em associação livre de ideias, é um processo muito eficaz e transformador, porém não compatível com muitas carteiras, pois três sessões de 50 minutos semanais são bastante dispendiosas comprometendo as disponibilidades financeira e de tempo. Neste sentido, fazer psicoterapia analítica, é um processo mais acessível e realista com a vida atual.

Por último, temos a terceira grande força da Psicologia, a psicologia Humanista e existencial, que como seria de esperar historicamente, surge como questionamento dos modelos comportamentalistas e psicanalíticos, desde modo vai contrariar os condicionamentos comportamentais do behaviorismo e o determinismo do inconsciente abordado na psicanálise. Esta abordagem, valoriza a experiência consciente e trabalha tópicos como o livre arbítrio, autorrealização, a criatividade, o potencial e a capacidade de tomar decisões baseadas no aqui e no agora. A técnica desta terapia é não diretiva, pois acredita que o homem é movido por forças internas de auto realização. Neste sentido e ao contrário da psicanálise, dá ênfase à experiência consciente e ao poder criador da sua própria realidade.

A grande sabedoria antes de escolher uma Psicoterapia, é obter informação sobre que tipos existem no mercado e perceber o que queremos resolver na nossa vida, tendo como base estas três forças da psicologia, que aglutinam um conjunto de técnicas diversas e à disposição do problema, da personalidade do cliente e da técnica utilizada.